quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Futebol do Design: O desrespeito do emblema da Copa 2014

Por Mayer Kafrouni - Cheio de pompa e firula - e puxa-saquismo porque não - foi lançado o emblema da Copa 2014. Com a estupida introdição de que 6 celebridades e 'especialistas' elegeram esta marca como a melhor. Pelo menos 2 deles sim, designers respeitados, o resto, especialmente Ricardo Texeira, tô fora.


Analisemos portanto porque essa marca é uma vergonha, do ponto-de-vsita designer da coisa e do mais importante, do futebol. As cores foram mal escolhidas. Foram utilizadas as cores do Brasil. Mas é porque é no Brasil talvez diga. Mesmo assim, foi de mau-gosto tremendo. Veja o que aconteceu em 1998.


Foi a primeira Copa com 32 seleções, assim, o torneio se tornou o mais mundial de todos. A França é considerada - não por mim - como um dos países mais xenofobicos da Europa, e a marca deles foi péssima. Usaram as cores da França, só dela, e isso causou certo desconforto em muitas seleções. Afinal, a Copa é da França ou do Mundo? A Xenofobia ficou um pouco evidente. Seleções como a Inglesa por um tempo se recusaram a usar a marca da Copa em seu uniforme. O próprio Brasil falou em não usar, afinal, iria destoar muito as cores da marca com o uniforme. Mas Copas anteriores também tinha marcas com as cores do país sede. Mas eram outros tempos, um tempo sem muita globalização e o nacionalismo era mais forte, a patria de chuteiras ainda prevalecia. Depois, a coisa mudou, e muito. Tudo ficou mais próximo, acabou a patria de chuteira e o nacionalismo e patriotismo no futebol também, ainda bem diga-se de passagem. Desde então, em 1999, os estudios de design que eram contratados para o emblema das Copas começaram a tomar mais cuidado com a escolha das cores.




Marca da Copa 1998 que criou mal estar em alguns pela má fama de Xenofobia da França



Por exemplo, o emblema de 2002. Uma taça também, mas toda colorida, simbolizando cores de diversos países, sem patriotismo.




Depois em 2006, a Alemanha foi feliz em criar uma marca toda alegre, com mascotes sorridentes. Talvez para tirar a imagem de marrentos que os alemães tem. Foi uma escolha feliz, literalmente. Cores diversas, uma marca que explorou a alegria do gol e não o país




E após isso, 2010, que na minha opinião é a marca mais bonita dos últimos 30 anos. Um jogador com a famigerada bicicleta, formando o continente Africano, cheio de cores. Genial. A Copa é na Africa do Sul, mas fizeram questão de celebrar o continente inteiro. Apesar de os africanos usarem diversas cores no seu dia-a-dia, a escolha de tais, foi usada para representar as cores de todos os países envolvidos na Copa. Respeito pelas seleções e não nacionalismo estúpido.




E do Brasil? O Brasil quer mostrar que existe? Querem voltar com o patriotismo? Faltou respeito com as outras seleções. Imagine a camisa argentina usando um brasão verde-amarelo? Ou a camisa inglesa, vermelha? Tosco. Na internet existem milhares de outras sugestões mais elegantes e mais cara de futebol.


Tem mais coisas de design para se analisar, como exemplo o elemento 2014 "jogado" dentro da marca, solto, voando, sem propósito. Os marcadores (C) e (R) estão tão grandes que competem com o resto. A única escolha feliz, na minha opinião é a tipologia usando em "Brasil". Está alegre, bem futebol.


Porém, tem gente que diz que está bem brasileira, afinal de contas, os políticos e a CBF passam a mão em tudo, e vão passar na taça também, tal como a marca mostra.




Mayer Kafrouni é designer, idealizador da The Flaming Pie (junto com Soraia Kafrouni) e comentárista meia-boca de futebol. Sua TV fica obrigatóriamente ligado nas quartas e domingos (e quinta e segunda também, afinal, tem bate-bola do dia seguinte).

6 comentários:

Gustavo Moura disse...

Pensei nisso também. Antes tinha aquela coisa de patriotismo, "meu país contra o seu país e vou mostrar que o meu país é melhor". Assim, nem ligavam para as cores como hoje. Mas hoje é "meu futebol é melhor que o seu futebol". Muito melhor.

Péssimo o gosto para esse logo, porém, essa versão é ainda melhor que a versão que vazou na internet, toda chapada, com cores sólidas. Essa ai pelo menos tem mais brilho, mas ainda é feia do ponto de vista visual

8 de julho de 2010 às 16:00
Henrique Rika disse...

Finalmente um post mostrando o outro lado da marca, o respeito pelos outros. Tem muita gente elogiando ou dizendo que está horrível, mas sem um argumento lógico. Ai sim está um argumento lógico.

Agora o meu é: usaram designers estrangeiros. Poderiam ter muito bem usado designers brasileiros, valorizar o design daqui, que é excelente e já criou muitas marcas famosas.

8 de julho de 2010 às 16:03
Rita disse...

Os anos passarão, todo mundo vai esquecer, e quando chegar em 2014, todo mundo vai dizer "uau que marca linda! Viva Brasil"

8 de julho de 2010 às 16:40
James disse...

Para mim, as melhores marcas são entre 1930 e 1962...um estilo incrível

8 de julho de 2010 às 16:56
Mayer disse...

Verdade James.
Estilo Retrô tem tudo haver com futebol.
Porém, naquela época, não eram bem marcas, e sim cartazes para a Copa. Por exemplo, as Copa de 1930, 34, 38 e 1950 não tiveram marcas, e sim cartazes para divulgação do torneio

8 de julho de 2010 às 17:00
Anônimo disse...

é verdade!!
hahaha!!
laurindo...

9 de julho de 2010 às 16:04