Minhas impressões do início da Copa
Por Mayer Kafrouni - Fim da fase classificatória da Copa, e antes que comece a fase do mata-mata (é mais legal falar assim do que Playoffs viu Galvão), algumas verdades foram reveladas e outras confirmadas sobre a peleja mundial. Sobretudo no que diz respeito a atual política deste esporte bretão e o mercado de negócios que ela faz girar.
Não vou comentar jogo por jogo, pois isso deixo para meus companheiros dos Desmanche que são mais analíticos que eu. Mas como estou aqui no Centro de Impressa em Joanesburgo, tenho mais contato com empresários, cartolas e um monte de “especialista” em futebol.
Pra começar, vimos que uma Copa do Mundo pode ser sim feita em países com poucos recursos, desde que, notem, dinheiro privado esteja injetado. Tivemos pouquíssimos problemas por aqui. Um transito aqui, outro ali, mais ingressos vendidos para um só jogo do que o local suporta, mas isso é corriqueiro e muito comum em eventos de grande porte. Porém, nada que tenha realmente atrapalhado a estrutura desta Copa. O ponto mais baixo fica para os preços de ingressos, especialmente para transeuntes locais. Cobrar $500 por um ingresso na Alemanha é uma coisa, cobrar os mesmos $500 na Africa do Sul é baixaria. Quem é que pode pagar por isso vivendo em uma população tão fragilizada? Que isso sirva de lição para a Copa de 2014. Não falo em cobrar R$10,00, mas um pouco de dignidade nos preços não faz mal a ninguém. Assim, a FIFA deveria ter sido mais razoável. Agora, só para manter a polêmica, um povo pobre e sofrido se diverti muito mais né? Está um show a parte a empolgação dos africanos - mesmo eu tendo odiado a Vuvuzela.
E o que dizer de França, Itália e Espanha? Alguns colegas de bate-bola jogam a culpa nos treinadores, em especial da Italia, que convocou praticamente o mesmo time de 2006, mas esqueceu de lembrar que eles estavam 4 anos mais velhos. A Espanha decepcionou, mesmo com classificação. Para mim, as razões das decepções são outras e envolvem a atual política empresarial e comercial da FIFA. Lá vai: O Paraíso do Futebol que é a Europa fez a cabeça de muita gente. Todo mundo quer ir jogar lá. Isso me faz lembrar do Robinho anos atrás dizendo igual a um bebê chorão “quero jogar na Europa, no Real Madrid, buá”. Foi divertido, muitos craques jogaram e fizeram história lá, mas agora as seleções nacionais estão colhendo os péssimos frutos dessa colheita que começou no fim dos anos 80 do século passado.
Veja o caso de Espanha e Itália. As equipes desses países estão repletos de jogadores estrangeiros. Lembram do Real Madrid em 2003? Os 11 titulares eram gringos, nenhum espanhol no time titular. E o que dizer do Barcelona? Durante muitas décadas, as duplas de ataque são formados por estrangeiros. São apenas dois exemplos de times, mas essa regra vale para quase todos de lá. A maior parte desses jogadores vem de países como Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, México e até EUA. Com as equipes italianas é a mesmíssima coisa. Só a Inter tem na zaga 3 brasileiros, um atacante argentino e outro camaronense e um meio de campo bem sul-americano. E isso vale também para outros clubes da “velha bota”. Onde quero chegar? Os clubes não dão valor a jogadores locais, de seu próprio país, desde a tenra infância. Um monte de molecada italiana, ou espanhola, ficam lá nas peneiras, mas os clubes dão preferência a jogadores gringos. Nas escolas italianas e espanholas de futebol, tem mais brasileiro que a fila do SUS. E os jogadores italianos e espanhóis? Tem de se contentar a ficar na reserva. Resultado: países como Itália e Espanha podem ter um jogador bom, mas jogadores no plural não. Depois quando juntam os que sobram numa seleção, não dá um time. Esses países não investem em jogadores nacionais, eles investem nos estrangeiros. Bom para os sul-americanos. As seleções latinas não estão decepcionando, pois os jogadores atuam em grande parte em clubes europeus de destaque e assim tem excelente jogo. Alias, muitos jogam no mesmo clube inclusive e assim não tem dificuldade nenhuma para entrosamento. Podemos dizer que o Barcelona é o melhor time sul-americano que temos hoje. Deveriam disputar a Libertadores da América. E isso vale para outros países como Inglaterra. Fica um parabéns para o time alemão, que dos 11 titulares, 7 atuam em clubes do seu próprio país. Ou Portugal, onde a nata joga em times patrícios. Como consequência vem outro problema. Por falta de jogadores bons nacionais, o negócio é apelarem para que jogadores estrangeiros mudem de nacionalidade para jogarem nas Seleções.
Sou a favor de uma nova política de contratação. Assim acaba com esses empresários que ganham milhões em cima de jogadores, levam para a Europa e tiram oportunidades de jogadores locais. Muitos jogadores brasileiros que fizeram história nos últimos 30 anos saíram do Brasil em alta e brilharam na Europa. Mas vejam, investiram neles em clubes brasileiros. Ou seja, deram oportunidade para jogadores brasileiros, e assim o Brasil sempre terá bons jogadores. Já na Espanha e Itália não, pois não se investem neles mesmos. Acho que se a FIFA expandisse aquela lei de não permitir mais de 3 estrangeiros no time titular por clube, talvez o futebol voltaria a ser mais equilibrado, pois ai sim teríamos grandes jogadores atuando em suas seleções.
Para finalizar, uma grande salva para a torcida mexicana que foi de longe a mais criativa da Copa. Ao invés de “vuvuzelar” para gol feito ou gol perdido, eles gritavam “Olé”, “Buuuuuuurrro!” quando o goleiro adversário iria chutar a bola e por ai vai. Tiram sarro da torcida adverária. E fazem tão alto que se sobressaem às vuvuzelas. Bem mais divertido.
É isso, quer concordem ou não. E deixe-me ir que vou tomar Coca-Cola com o pessoal da impressa argentina, que são bem sarcásticos.
O pleonasmo de Dunga
por Marcelo Mayer
Hoje em São Paulo, dia 24 de junho de 2010, foi publicada uma matéria no Jornal da Tarde sobre o apoio da população na fictícia guerra entre Dunga e Globo. Como se Dunga assumisse o papel de provocador por ter respondido a certo funcionário. Que ingenuidade. Dunga responde para um funcionário, mas não teria essa mesma cara marrenta para responder ao alto escalão. Alex Escobar é apenas um funcionário. Tais “xingamentos” exagerados pela Rede Globo jamais seriam encaminhados a Bonner numa sorridente entrevista ao Jornal Nacional, muito menos numa noite de festa entre Família Teixeira e Marinho.
Há manifestações em Twitter, Orkut e Blogs colocando Dunga como herói de uma frente anti-Globo. Herói do que? Dunga é líder de uma seleção pau mandada, publicitários de um falso cristianismo e de uma moralidade digna de autoajuda. Sem surpresa alguma, Dunga, hoje de manhã, pede desculpas. Me pareceu óbvio e necessário. Porque colocar num mesmo saco o jornalismo sujo da Globo e de outras emissoras foi colocar em dúvida, mais uma vez, o papel do jornalista. Dunga deveria ter pedido desculpas a Mario Jorge Guimarães. Esse mesmo que foi transferido, a pedido de Dunga, para um cargo mais baixo na SportTv porque questionou o trabalho da seleção nas Olimpíadas de Pequim em rede nacional pela Rede Globo. Não vai me surpreender, também, surgir manifestações o colocando como humilde e ser-humano por reconhecer tais erros. Nada passa de uma carta registrada, com firma reconhecida da CBF a pedido da família Marinho para ficar quieto, mudo.
Não se engane! Dunga não desafiou a Globo! Colocou ela no mesmo nível das outras e deve estar pagando caro por isso. Abaixou a cabeça, suas orelhas e sem trocadilhos com o apelido, vai ficar mudo. Mas como nada é um mar de destruição, numa coisa eu concordo: Dunga proibiu jogadores de entrevistas exclusivas. Ele vai nos poupar das perguntas idiotas de Zeca Camargo, uma análise de moda por Patrícia Poeta ou poemas tolos de Pedro Bial. Enfim, mas nada me faz colocar Dunga como herói e muito menos o vejo carregar alguma bandeira.
Um gol de Pelé com jeito de Maradona
Microconto da Copa #1
Forlan forlou o fanfarrão
Por Mayer Kafrouni - Poderia aproveitar a oportunidade de criticar a Espanha e mostrar o quanto ela decepcionou. Mas não vou. Fazer isso seria desmerecer o chocolate que a Suíça deu. E que chocolate. Defesa muito bem posicionada. Por que deixar chutar não é sinonimo de má defesa. Boa defesa não é aquela que impede o chute, mas aquela que não dá boa visão para tal. E a Espanha, oras, não foi de todo mal. Eles não se entregaram em campo, apesar desse discurso redeglobolistico de que na primeira “rodada todo mundo se estuda e arrisca pouco”. A Espanha arriscou sim e muito. Uma pena que a mira das canelas não eram lá essas coisas. Mas a Suíça era veloz em contra-ataque. Alias, teria feito mais se as invertidas de jogadas fossem melhor executadas. Um jogo digno de Copa, pena que o placar nem tanto. Agora fica o aviso: a Espanha não terminou a Copa ainda. Alias, podem parar de comemorar torcida do Dunga. Com esse resultado é capaz da Espanha se classificar em segundo do seu grupo. E se o Brasil segue em frente, pegará a ‘Furia’ logo nas oitavas. E lá nas oitavas, a coisa muda de figura. Italia em 2006 é uma prova disso.
E as vuvuzelas se calaram hoje. Bem que poderiam usá-las para vaiar o Parreira, por que para mim, sua atuação foi importante para a derrota. Sei não, mas a Bafana-Bafana tá com cara de “quadrado mágico” que afundou certa seleção anos atrás. Seria mera coincidência? Cadê o esquema vitorioso de Joel ano passado que quase tirou o o pais do Dunga da final? Ah sim, deve tá no meio das papeladas da mesa do Ricardo Teixeira. A verdade é que o “Kiko” brasileiro faz estrago por ande passa. A única vez que ele fez algo de útil foi como treinador de goleiros em 1970, e em 1994 se não fosse o Zagallo nos bastidores...sei não. Muito meio de campo pro ataque. Será que esqueceram de avisar que existe laterais para ele? Dó dos jogadores que nada tem haver com as intrigas da CBF. Ou dó da torcida. “Vaiazela” no Parreira. Agora, quanto a Celeste, bem, enfim poderei falar de uma seleção excelente. Forlan foi o cara do jogo. Golaço de fora da área. Ainda bem, porque já estava cansado de ver gols de cabeça ou erros de goleiros. O cara tem pinta no campo. Gol de penalti não é pra se comentar muito, a não ser que tivesse batido como o Rincon na semi do Paulistão em 1996. Forlan no terceiro gol fez algo que admiro muito: visão de jogo. Inverteu a jogada, ele quase metade do campo para a linha de fundo, o que resultou num gol que acho espetácular: cabeçada pro chão antes de entrar no gol, apesar de ter sido desengonçado. Que essa vitória seja “um pedala” na testa do Parreira e CBF para não mais se intrometer no que não é seu.
E fica a sessão cultura: há 20 anos que o Uruguai não ganhava em Copas do Mundo. E para variar, na ultima vitória, Uruguai também jogava toda de branco. Quem sabe assim passa um corretivo no Parreira logo de uma vez.
PS: o jogo do Chile nem sei o que dizer...perdi hora. Como foi?
Mayer Kafrouni é designer, idealizador da The Flaming Pie (junto com Soraia Kafrouni) e comentárista meia-boca de futebol. Sua TV fica obrigatóriamente ligado nas quartas e domingos (e quinta e segunda também, afinal, tem bate-bola do dia seguinte).
O babaca de galocha
(Quase) Mais do mesmo
Por Mayer Kafrouni - Mais um dia de Copa e todo mundo na expectativa se teríamos enfim uma rodada emocionante, digna da grandeza do torneio. Bem, quase isso.
Primeiro, Holanda mostrou algo inédito, pelo menos desde 1978. Um futebol não tão bonito, mas seguro, regular e eficiente. Isso é bom, pois a Holanda sempre jogou bonito, mas nunca levou o caneco pra casa. Dessa vez, querem ser diferentes. O futebol holandês nesta Copa não é tão maravilhoso quanto vimos em mundiais passados, mas parecem agora priorizar mais pela técnica para ganharem enfim. Eu particularmente gostei do que vi, e o resultado foi legitimo e merecido. Mesmo porque, Holanda é a seleção que torço neste mundial. Agora, as polemicas deveriam ter ficado de lado. Os holandeses foram unanimes em reclamar da bola (eles são patrocinados pela Nike, diga-se de passagem), da altitude (quem mora a baixo do nível do mar sempre vai reclamar de altitude) e das vuvuzelas. Creio que essas questões devem ficar de lado, para serem discutidas depois da Copa, para torneios futuros. Agora já foi. A bola já foi escolhida, as cidades-sedes com seus estádios e a cultura local. Nem vale a pena chorar. Ninguém vai ouvir. E claro, destaco o contra-ataque dinamarquês, muito forte e de grande pegada.
Depois, comecei assistir ao jogo do Japão e Camarões sem muito interesse. Um jogo morno e com decepção. Eto’o jogou por acaso? Incrivelmente mal posicionado. Mas depois torci pelo Japão, apesar de torcer pelo sucesso das seleções africanas neste ano. O Japão nunca, isso mesmo, nunca venceu fora de suas ilhas. E foi muito bom ver o Japão ganhar pela primeira vez. E ovacionada de vuvuzela para Honda. Apesar do nome, nada tem haver com o famigerado lutador da Capcom. Incrivel como ele se posicional no momento do Gol. Em um intervalo de 1 minuto, ele saiu do setor direito do campo, e estava já posicionado no setor esquerdo, perto das traves. Essa característica valorizo muito.
Bom, Itália e Paraguai já é um clássico, podemos dizer. Jogo de muita marcação e muita correria. Impressionante a marcação dos “falsetas” paraguaios. A marcação era no campo de defesa da Italia. Sem chances de saída de bola para esquadra azul. Assim, só poderia sair ganhando. Belíssimo gol. Quanto a Italia, a visão de jogo é espetacular. Invertidas, assistências, cruzamentos. É uma pena que a finalização foi muito a desejar. Tanto é que só saiu gol por causa da falha (de novo) do goleiro. Pelo menos não foi frango né Green? Mas a Italia é Italia. Eles sempre começaram mal e deu no que deu. Quatro títulos! Mas se defesa ganhasse torneios, com certeza o Paraguai já teria diversos titulos. Sendo assim, no jogo, tudo acabou em pizza e macarronada, mas não a original, se é que você me entende.
Mas, no geral, mais do mesmo. Pouquíssimos gols. Favoritas deixando a desejar em muitos casos. O que é uma pena. Bem que poderiam agir como a Alemanha, que nem quis saber se deveria se expor muito por ser as primeiras rodadas. Jogou um bolão, apesar da fraca Austrália. Uma pena não termos comentado a rodada dela, pois 4x0 é sempre pra se comentar.
Mayer Kafrouni é designer, idealizador da The Flaming Pie (junto com Soraia Kafrouni) e comentárista meia-boca de futebol. Sua TV fica obrigatóriamente ligado nas quartas e domingos (e quinta e segunda também, afinal, tem bate-bola do dia seguinte).
O Messi joga demais!!!
Sem surpresas
Nenhuma surpresa. Um empate justo entre África do Sul e México, embora uma bola na trave tenha tirado meus pontos no bolão. Seria um resultado certeiro e quem vos escreve estaria mais satisfeito e Parreira continua sem ganhar um jogo como técnico de outra seleção. Paciência, né Teixeira? E claro, Parreira ensinou muito bem o jeito malandro de bordel brasileiro de jogar. Foi um festival de cai-cai. Na primeira oportunidade, a África do Sul fez o árbitro de bobo, e caiu no jogo africana. Uma boa aula de faltas cavadas. Pelo México, a torcida fez bonito. Fantasias do Chapolin completaram a festa, mostrando que sim, nós temos cigarros, tequilas e super-heróis. Enfim, primeiro tempo, maracas. Segundo tempo as vuvuzelas. Justo. Nada mais. O gol de empate do México matou a saudade do campeonato capixaba. Pura falta de competência dos zagueiros.
E a Jabulani? Realmente o problema não é dela e sim dos pés que correram nos dois primeiros jogos desta Copa. Como um centroavante de seleção, o francês Gavou, perde um gol daqueles aos sete minutos da primeira etapa? Gavou já era criticado dentro da própria seleção, agora Henry precisa dar uma mãozinha e resolver esse fraco ataque francês. E de mão, ele entende.
Como foi uma rodada sem surpresas, o Uruguai mais uma vez mostrou o motivo de sua fama. Na estreia, um cartão vermelho. Lugano, o paparicado tricolor (ainda procuro motivos para tal demonstração de afeto) recebe mais uma vez um amarelo. Cinco cartões amarelos? Num jogo de Copa do Mundo? Arbitragem rígida ou burrice coletiva? A segunda opção cai como uma chuteira, tratando-se de Uruguai.
Aguardamos os próximos jogos. Amanhã, estreia da Argentina e o jogo mais perigoso da Copa em questão de segurança internacional: Inglaterra contra Estados Unidos. Porém, o atentado maior já foi feito: Carlos Eugênio Simon vai apitar. Só aguardar.
A África do Sul é bem aqui
Diga não ao "Futebol de Resultados"!
Por Mayer Kafrouni - No ultimo dia 4, em entrevista coletiva, Kaká fez tudo o que seu patrocinador queria: falou bem da bola da Copa, amenizou as criticas de seus companheiros e até beijou a tão comentada pelota. Até que lhe foi perguntado se o Brasil vai jogar bonito nesta Copa. É ai que ele solta a pérola: ‘A gente vai atrás de resultados’. Como é? Resultado? Mas isso não é futebol?
É impressionante como os clubes, técnicos, dirigentes, o coletivo estão cada vez menos preocupados em jogar bola. Para eles o importante é ganhar torneios. Mas é assim que deve ser? Querer só resultado e não jogar bonito é ir contra a própria natureza do futebol.
Essa entrevista do Kaka me lembrou uma declaração do Felipão na ultima Copa, na Alemanha em 2006. Ele também foi questionado sobre o fato de Portugal se classificar com resultado tão inexpressivos. Então ele diz: “quem jogou bonito não teve resultado”.
Honestamente, futebol não é esporte de resultado. Posso alistar diversas vezes que, se tratando de Copa, seleções não-campeãs são mais lembradas que as Campeãs justamente por não terem tido resultado, mas sim jogado muito bem. Holanda em 1974 é um exemplo. Ela não foi campeã, mas é lembrada até hoje por ter jogado bonito. O que dizer do Brasil em 1982? Alias, tem gente que se confunde na hora de dizer quem foi a campeã nesse ano. Tem gente que até diz que foi a França, olhe só! São alguns exemplos, e há ainda nos torneios regionais.
Quando eu vejo um jogo, importa sim o resultado. Mas a beleza da jogada é muito mais comemorada. Seja quem for.
Desde que o futebol virou coisa de “diretores e empresários” dá-se muita ênfase em resultado. Esse pessoal quer ser campeão só pelo dinheiro. Até quando a CBF vai fazer da nossa seleção uma máquina de fazer dinheiro e voltar a ser uma máquina de jogadas inesquecíveis e memoráveis?
Sempre torço contra o Corinthias (a não ser quando joga contra time carioca ou o palmeiras), mas concordo com uma frase celebre dita por um corinthiano, Juca Kfouri: “ser campeão é detalhe”.
Por isso, lanço a campanha “Diga não ao futebol de resultado”, mesmo que não tenha repercussão alguma.
Mayer Kafrouni é designer, idealizador da The Flaming Pie (junto com Soraia Kafrouni) e comentárista meia-boca de futebol. Sua TV fica obrigatóriamente ligado nas quartas e domingos (e quinta e segunda também, afinal, tem bate-bola do dia seguinte).